
Este texto que vou postar é apenas um jogo de palavras do tipo dos que costumava fazer com os meus alunos com vista a interiorizarem, de forma agradável, um conceito (neste caso específico seria a noção de pleonasmo), ao mesmo tempo que iam treinando as suas capacidades de escrita (aqui seria a poesia, utilizando quadras com rima cruzada ou alternada).
Tratava-se, normalmente, de trabalho de grupo e eu funcionava como orientadora, tira-dúvidas, indicadora de fontes…
Este não resultou de trabalho com alunos (não me recordo de ter alguma vez trabalhado com eles o pleonasmo, ou redundância). É, meramente, um exemplo.
Reforcemos a redundância!
Vou falar do pleonasmo! Ou melhor, da redundância.
Segundo uns, os letrados, e se usado com esmero,
é um truque de linguagem, conferindo até elegância.
Segundo outros, é exagero, vício de forma, tosco erro.
Vejamos então melhor o que vos quero dizer:
Se vejo pequenos detalhes que me causam confusão
Se exulto de alegria, ou de antemão estou a prever:
é vício, é erro, está mal. Só provoca agitação!
Se me repito de novo, se te encaro cara a cara,
se tenho um segredo secreto que é o elo de ligação
entre um facto verídico e um sonho que sonhara:
está errado, viciado, superabundante. Assim, não!
Agora se junto tudo e arrumar arrumadinho,
enquanto com estes olhos, vejo o dia a amanhecer.
Se continuo a tentar, escrever bem escritinho,
enquanto do céu azul, desliza a chuva a chover.
Se além disso este poema, a mim me parecer gracioso,
é porque usei redundâncias, das aceites, das literárias.
Então, só me resta a mim sorrir, um sorriso radioso
e agradecer a inspiração, que surde, extraordinária!
Meus amigos e leitores, é o meu critério pessoal,
e falo cá para fora com a mais franca convicção:
tendes aqui poetisa, de estro fenomenal,
tais são os ardis de escrita (se não for outra a razão)!
Legendas: com esta cor estão assinalados os pleonasmos “viciosos” (esta classificação é sempre relativa…).
Com esta assinalei os aceitáveis ou mesmo aqueles que constituem reconhecidamente recursos estilísticos (também relativa esta divisão. As “divisões” servem apenas como indicativo).
Caramba! Costou-me a perceber isto, mas cheguei lá! É o que importa, não é? Ehehe! depois ri-me de mim!
ResponderEliminarEstá muito giro. Gostei muito!
Não é propriamente um poema inflamado, mas dá para entender o que é e como se pode usar ou não esta figura de estilo.
ResponderEliminarÉ muito giro trabalhar neste sistema.
Talvez evite alguns problemas daqueles com que se debate. Aliás, esta demonstração, foi inspirada pelo seu post.
Eu inspirei!
ResponderEliminarA única coisa que posso dizer em minha defesa é que, mesmo na faculdade, não deixo um alunos dizer um "disparate" sem lhe ensinar a correcção. Faço-o brincando. Rimo-nos em conjunto. E eles aprendem (ou relembram)!
Um exemplo, o erro de concordância em número:
"As bananas é amarela"
"A maça são verdes"
Percebem logo!
Não tem a pinta de um poema, mas é um esforço!
E é um esforço que já não deveria ser necessário a esse nível, não é?
ResponderEliminarÉ, mas as coisas são como são. Não podemos é deixá-las passar, se ainda formos a tempo de fazer qualquer coisa. Eu queixo-me bastante, mas também tento remar contra a maré. Sou uma chata, a verdadeira chata!
ResponderEliminarSe houvesse muitas destas chatas...
ResponderEliminarBom, talvez as coisas estivessem um pouco melhor!